Devo confessar que nesta altura
do campeonato não vi sequer um jogo da Copa do Mundo na Rússia. Eu sei, o
Brasil está em polvorosa, carros e janelas enfeitados com bandeiras, ruas decoradas
com bandeirolas, asfaltos e sarjetas pintados por todos os lados mostrando esse
patriotismo nosso dos quatro em quatro anos por causa do futebol.
Uma lindeza à qual estou
totalmente alheio, aliás, Copa do Mundo FIFA para mim deixou de ter sentido
desde a derrota para a França, em 1998, e o patriotismo, bem, depois do chute no saco
que o PT e todos os outros Ps da política brasileira me deram, não tenho muito o que comentar.
Mas essa semana, ao ver na TV a
comemoração da vitória inglesa sobre a Colômbia nas ruas da Inglaterra, me
lembrei das últimas férias que passei por lá, depois de visitar Praga,
comemorando os primeiros dias do Ano Novo com esse povo alegre e festeiro. Bateu
mesmo uma nostalgia imensa e uma saudade apertada do país da Rainha Elizabete e
dos muffins de chocolate.
English breakfast no YHA London Central Hostel |
Preparação para o Ano Novo Chinês em China Town, Londres |
TB Tower - Londres |
Mulher alimentando esquilo no Regent's Park |
A Inglaterra é um país
maravilhoso, cheio de sites históricos e paisagens paradisíacas, e Londres, sua
capital e principal cidade, é um daqueles cantos do mundo de que os Beatles
parecem estar falando na música In my life, de 1965: “há lugares que eu vou
lembrar por toda a minha vida”.
Afinal, não basta apenas ser uma
cidade organizada, limpa, segura, arquitetonicamente impressionante, onde se
pode caminhar com os olhos voltados para todas as partes – porque tudo é um
espetáculo às vistas: os prédios antigos se impondo na urbe, os parques verdes
onde se pode alimentar esquilos e pássaros e ver os cisnes da rainha flutuando
serenos e majestosos nos lagos e ponds.
Além de sentir cheiros e sabores
de todos os recantos do mundo e se ouvir, caminhando pelas ruas, nas estações
de metrô e pontos de ônibus, os sotaques e línguas mais diversos nos rostos
geralmente plácidos e cheios de gentileza convivendo, em regra geral, na maior
harmonia. Caetano veloso não mentiu! Mas diferentemente dele e de sua “London,
London”, meus olhos não procuravam discos voadores no céu.
London Eye ao pôr do sol, Londres |
Porque o céu em Londres tem mais
para oferecer do que discos voadores psicodélicos. Num dia sem chuvas, as tonalidades
de azul por toda manhã e as cores vibrantes do crepúsculo variando do laranja
encarnado ao rosa tênue enquanto o sol vai lentamente desaparecendo por trás do
Parlamento e da Abadia de Westminster, colorindo o Big Ben, o London Eye, o
Tâmisa, a London Bridge e os olhos dos mais de 10 milhões de habitantes e
milhares de turistas agradecidos de estarem ali, não tem preço.
Nem William Turner (1755-1851) conseguiu nas
suas vibrantes pinturas retratar as cores do ocaso de Londres no inverno. Me lembro que certo dia, sentado no Hyde Park, o ar úmido cheio de cristais de gelo, o sol se pondo no
horizonte por entre as árvores e o som dos pássaros, parecia que a luz lentamente
se esvaia num gradiente de cores que eu podia tocar e fruir com todos os
sentidos do meu corpo – uma experiência sensorial jamais capitada por pincéis
nem câmeras fotográficas.
The Queens Walk - London Eye, Parlamento e Big Ben ao fundo |
E quando a noite cai, não se sabe
para onde olhar: se para o céu estrelado, repleto das constelações que só se
veem do hemisfério norte e que para nós aqui do sul são lindas desconhecidas,
ou se para o show de luzes e cores epiléticas do Picadilly Circus para onde
todos afluem em busca de diversão, de comida e de romance.
Não é à toa que aos pés de Eros,
quando chega a noite, fica uma multidão sentada, conversando, rindo, comendo,
descansando de tanto caminhar pelos arredores, pois, em Londres, todos os
caminhos levam ao agitado e vibrante Picadilly Circus - uma visão tão diferente
do que deve ter sido durante os ataques dos nazistas na Era Churchill.
O choque entre a Londres presente
e do passado nebuloso da Segunda Guerra Mundial pode ser sentido numa visita ao
The War Museum. Ali se é capaz de reviver a sensação horrível da batalha nas
trincheiras, criadas como exposição dos horrores da guerra, através das sombras
dos soldados em ação, projetadas na parede, enquanto o som de bombas e
metralhadoras cortam o ar.
Museu da Guerra, Londres |
Big Ben, Londres |
A Guerra, graças a Deus, passou mas Londres continuou linda, viva, a cada dia florescendo e encantando das formas
mais diversas. Seja na decoração para o ano novo chinês na China Town, seja nos
parques itinerantes espalhados pela cidade, nas feiras livres ou nos pubs onde
a alegria é a dona da festa.
The Queen's Walk ao pôr do sol |
Abadia de Westminster e Parlamento
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Um comentário:
É verdade,é linda de se ver!!!
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