sexta-feira, abril 25, 2008

OS ANOS


Só hoje reparei seu rosto que há tanto tempo não conseguia encarar.
Talvez por birra, talvez por medo
- Esse medo terrível de olhar a vida passando.

Nessa face antes tão corada, agora vejo marcas, rugas que me aniquilam
- Ah Deus! elas são sinais do tempo passando e de que a cada dia
Estou mais perto das lágrimas que ninguém quer ter.


Neste rosto agora plácido, não vejo mais aqueles olhos brilhantes
Não vejo mais aquela altivez da juventude, a certeza de eternidade;
O que vejo são duas conchas fechadas e voltadas para dentro,
Dois raios de luz numa escuridão de abismo
E um sorriso fino, um sorriso de ar.

Talvez olhando esse rosto agora distante, agora envelhecido
Eu tenha descoberto o que eu sou.
Talvez a sensção do tempo ido seja essa dor que me aflige
E que eu não sabia de onde tinha vindo.

Ah! como eu queria que tudo fosse diferente!
Como queria que você não passasse
Que seu rosto não envelhecesse!


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