Quando morre o poeta,
Cala-se a voz dos deuses.
Quando ele, do leito triste,
Solitário expira
As estrelas do céu e as luzes do dia
Todas se apagam.
O poeta é o luzeiro do dia
E os faróis da noite sobre o mar;
É nele que se faz a língua
E dele que ela se gera.
O poeta é névoa, é estrela longínqua
É evanescente e efervescente.
Diante do poeta calam-se as tempestades,
Acalmam-se os vulcões furiosos -
Ninguém o resiste,
E para segurá-lo também não existe quem.
O poeta é a trombeta do Arcanjo
E os trovões ribombando.
Quando Deus criou as almas,
Ele disse a algumas:
Vós ireis e sereis poetas na vida,
De gauche ou de direita – não importa,
Sereis poetas! Sereis vida!
Por isso, quando morre o poeta
Os querubins se inclinam lá das nuvens
Derramando suas lágrimas tristes,
Escondendo seus rostinhos barrocos
E dizem:
Morreu o poeta, perdeu-se a vida.
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