sexta-feira, dezembro 18, 2015

Paris é uma festa - Parte II - um pouco sobre a comida

Mesa posra no Pallais du Versailles
A gastronomia francesa é uma das mais celebradas do mundo. Seus pratos variam desde os exóticos aos mais ordinários, aos fast-foods americanos. Daí ela ser boa para todos os gostos e todos os bolsos.

Mesmo quando viajando com a grana curta, como eu, sempre tem espaço pra comer bem e, estando com amigos, dividir a conta de queijos, vinhos, baguettes, croissants, etc. sempre é uma boa ideia.


pão, por exemplo, é uma parte indispensável da gastronomia francesa. Qualquer refeição que se preze na França tem de ter pão de entrada. Foi isso que descobri na casa de Johann nos dias que estive lá. Por isso, logo que saímos dos arredores da Torre Eiffel em direção à casa do meu amigo, Johann me disse que era necessário passarmos antes numa boulangerie (padaria) para comprarmos pão para o almoço. E lá fomos nós, dirigindo pela bela cidade até chegarmos a um lugarzinho pequeno, com gente supersimpática e sorridente que mal ouviu meu sotaque, me perguntou: "Tu viens d'oú?", quando eu disse que vinha do Brasil, os sorrisos se alargaram, os olhinhos brilharam e a atendente, que também era caixa, me disse: "Riô!", a que eu logo bradei na mesma empolgação: "Salvador de Bahiá!", ela, percebendo uma disputa territorial, jogou mais lenha na fogueira: "Corcovadô" ao que eu respondi sorridente: "Elevador Lacerdá", e assim ficamos falando de monumentos e atrações das duas cidades por mais uns dois minutos, até que seu estoque de palavras cariocas acabaram e ela me disse: então, quantas baguettes? Eu, doido pra continuar falando da Bahia, olhei pra ela e respondi meio que mordendo a boca: duas, por favor", ela sorriu, pegou o dinheiro, registrou e, com a mesma maozinha, foi à prateleira e pegou os meus pães, sem cerimônia nenhuma. segurou meu ranguinho com as mãos de uma manhã toda de dinheiro, coçadinha de cabeça, apertos de mãos e sabe-lá-Deus-o-que-mais. Ela me entregou o pão, com um sorriso tão meigo e eu, sorrindo amarelo, agradeci, olhei pra o meu amigo como que perguntando: "vamos assar esse pão, bem assado, né?". Mas ele, não entendendo minha cara, me disse enquanto ajeitava as baguettes em meu sovaco: "debaixo do braço, Marciô, põe debaixo do braço". E lá fomos nós almoçar um delicioso guisado francês com o paozinho cheiroso de entrada. 
 
Sempre antes de comermos, arrumava-se a mesa com pratos, garfos, geleia e manteiga, e conversávamos enquanto nos deliciávamos no pão francês. Os restaurantes também são a mesma coisa. Neles, quando o pão acaba, os garçons servem mais, e mais, e mais até você ir embora. Você pode ir almoçar num restaurante e garantir seu café da manhã por uns três ou quatro dias (brincadeira!). 

No dia seguinte, eu encontrei meus amigos Fabrício e Gabi para uma aventura à la Woody Allen em Paris. Gabi tinha feito um roteiro de passeio baseado, na maior parte, no filme "Meia-noite em Paris", sem esquecer de incluir algumas peculiaridades como a visita à rua mais charmosa do mundo (porque a mais bonita fica em Porto Alegre!), às catacumbas (mas isso fica pra um outro post) e a quatro pontos que muito nos interessam aqui: L'as du Fallafel (o melhor Fallafel de Paris"), L'artisan Boulanger (a melhor baguette do ano), Ladurée (os melhores macarrons da cidade) - chequem aqui: http://www.projeto101paises.com.br/2014/07/paris-5-lugares-para-sair-um-pouco-do.html -, e McDonald's (porque era na Champs Elysées e nós estávamos com pressa e vontade de tomar um café quente com batatas fritas, e eu estava afim de fazer uma graça com vocês, leitores). 

Pois bem, fomos os três ao Fallafel, que fica num bairro judeu em Paris, e lá, por causa da fama do local, tivemos de esperar algum tempo na fila, no frio e na chuva para comer. Foi uma espera longa, uma espera roncadoura, mas valeu a pena. Os garçons sempre muito cordiais, servindo pão pra gente o tempo todo. Um dos garçons, David, ao saber que éramos brasileiros, ficou todo prosa, puxando assunto sempre que conseguia chegar à nossa mesa. Foi ele, por sinal, que me informou que a base da refeição francesa era o pão, depois que eu, acostumado com os restaurantes brasileiros, perguntei se a gente ia ter de pagar por aquela padaria toda. Ele me disse que ficasse despreocupado porque na França, o pão e água nos restaurantes são de "graça" (as aspas são minhas). Bom, ele trouxe o menu e aí, o papai aqui, seguido por Fabrício, foi inventar de pedir o Fallafel no prato - Gabi pediu um cone tipo Mcwrap por metade do preço. Quando os pratos chegaram, a gente, morrendo de fome, caiu matando, mas não conseguiu comer nem a metade! O prato era tão bem servido que não aguentamos terminar. Bem fez Gabi: comprou uma porção menor, pagou metade do preço e não deixou nem um tiquinho pra contar história. Avisados, brazucas do olho maior que a barriga, só comprem o prato de Fallafel se vocês aguentarem comer até o fim!

Saímos felizes e pesados do restaurante para caminhar pelas ruas de Paris – sim, mais uma caminhada! Paris é linda, um lugar onde se caminha sem perceber o tempo passar e se queima calorias com gosto de vanguarda. Caminhamos tanto, tiramos tantas fotos, vimos tantos monumentos e tudo o que a Cidade Luz tem a nos oferecer que quando demos por nós, já era ora de comer novamente. Caí na ponga dos Globe Trotters e partimos para uma ruazinha normal como qualquer outra, em busca de uma padaria cuja baguette tinha sido eleita a melhor do ano. A incumbência de comprar o tão desejado pão coube a mim. E eu, de olho na vendedora, fiquei prestando atenção se ela
pegaria o dinheiro e depois a baguette! Mais non, Monsieur! Oh là là! Quem trazia o rango era uma outra pessoa. E eu, sorri aliviado!

Saí com meu pãozinho debaixo do braço para encontrar meus amigos que já me esperavam com o queijo que havíamos comprado no caminho. E lá fomos nós, eu com minha mão de dinheiro, de poste, do cachorrinho bichon frisée que eu tinha acarinhado mais cedo, pegando o queijo, abrindo a baguette e fazendo nosso sanduiche! Viva Paris! Bravo, Marciô! Sem nojentices! E o incrível é que ninguém pegou verme nem ficou doente. Paris é mesmo uma festa, uma mágica.

No dia seguinte, fizemos tudo o que um turista faz quando tem um roteiro bem organizado nas mãos. Almoçamos carneiro assado na vertical num restaurante turco – uma delícia! Mas não me lembro do nome. E ao cair da noite, encontramos o Johann para fazermos o trajeto de Owen Wilson no filme de Allen, vimos a universidade de Direito, andamos até a igreja onde o carro psicodélico-sessão-espírita pega ele, e fomos comer debaixo daquela névoa fria que tocava nossa cara como um beijo de ice-kiss. Nosso destino era o Ladurée, um restaurante especializado em macarrons.

Diante da entrada, me lembrei de uma cena do filme “Splash – uma sereia em minha vida”. Tom Hanks dá um presente para Deryl Hanna, todo embrulhadinho, e ela diz que é lindo, com a maior cara de felicidade, até que ele lhe pede que abra o presente e a sereia pergunta: “tem mais?!”. É bem essa a sensação. Você entra no Ladurée e se sente transportado a algum lugar do passado, do chic, do delicioso gosto de macorrons de todos os sabores tocando seus beiços vorazes, enchendo sua boca faminta, descendo saborosíssimo por sua goela enquanto um café delicioso, quase brasileiro, esquenta a noite. Mas, além disso tudo e da companhia dos meus amigos, estar naquele lugar pomposo à noite, ouvindo as risadas vindas das conversas alegres e animadas lá dentro, olhando aquela avenida histórica lá fora reluzindo com as luzes do Natal, me fazia sentir especial, contente e de barriga cheia.

Quanto ao McDonalds, ele estava lá, em todo o canto que nós íamos, todos os dias, oferecendo suas gordices às pessoas que por lá passavam. Mas eram umas gordices com valor menor que outros lugares e com café e leite num copão de quentura bem-vinda contra o frio. Eu, particularmente, me esbanjava no café barato deles. Sentindo aquele calorzinho gostoso nas minhas mãos por debaixo das luvas, mas, geralmente, apesar de às vezes comer uma porção de batatas fritas, eu preferia ir com meu cafezinho comprar uma salsicha alemã ou polonesa que estavam sendo vendidas ali bem ao longo da Champs. Ou então, provar uns croissants em alguma boulangerie, sentado no passeio, conversando sobre nossas aventuras, ou comer um crepe gigante cheio de Nutela, me fazendo lembrar o beiju de chocolate amargo com banana que eu faço quando estou em casa.





                                                 


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