Estremeça toda a
terra!
Ribombem os trovões no céu!
Ruja desde as profundezas o rei dos
mares!
Raios vestais cortem os ares!
E que no templo - de alto a baixo –
Rasgue-se da separação o véu.
Desfolhai-vos oliveiras
milenares!
- É de sangue o Cedron escorrente –
Chora ó portentoso
Eufrates,
Derrama as copiosas lágrimas do Oriente.
Chora! Pois na cruz
agora pende o teu Criador
- Deus feito homem, salvação das gentes –
É
Jesus - nosso Senhor.
Por trinta moedas foi
vendido
- Eis o preço de um beijo hipócrita –
Contado foi entre vis
bandidos;
Cai a chuva – é a criação que chora.
No sinédrio ante a
Caifás
Arrancaram-lhe as barbas co’as mãos;
Chamaram-no profeta falaz –
Ao grande Rei fizeram ladrão.
- Entre si dividiram as vestes suas
-
Bradava triste o salmista nas ruas.
Ouve! Pilatos, que tua
mulher foi alertada
- Viu sobre ele a glória de Deus –
Soube que não era
culpado em nada,
Suplicou-te pelo rei dos hebreus.
- Quid es veritas
Domine?
Foram as palavras de tua pergunta
- Por Sua glória encontravas-te
confundido. -
Na presença daquela plácida figura
Eras Israel aos pés do
Monte,
Eras Caim cobarde fugindo.
Trocado foi o Rabi por
Barrabás –
A multidão delirante pedia por Seu sangue,
Pensavam ser Davi
ante o Gigante –
Não sabiam que era Ele o príncipe da paz.
Coroaram-no com grossos
espinhos
Castigaram-no com o maldito flagrum -
Ao Seu corpo todo
dilaceraram,
Tornaram-no a salvação dos gentios.
Olha Israel! Pois na cruz
pende o teu Redentor
- Os pulsos por cordas amarrados
Mãos e pés
perfurados pelos cravos –
Soltando ao mundo o Seu urro de dor.
Pranteia Madalena! Com o
brado esvaiu-se-lhe a vida
- O Mestre a cujos pés lavaste com perfume puro
Aquele que te perdoou com amor mais profundo –
Jaz morto sob aquela
insígnia.
José – dai-lhe um túmulo
virgem em vez de ungüento!
Tiago – chora por teu amado irmão nazareno!
Maria – sente a espada cortando teu coração!
João – eis o teu amigo sobre
o madeiro cruento!
A natureza torna-se Briaréu
–
A chuva cai como amargoso fel
Sobre o túmulo onde repousa o
Messias.
O Filho do Homem sofrerá por mais três dias –
Sim! Era Ele o doce
cantor de Israel,
Era d’Ele que falavam as profecias!
Então desponta! Aurora
dominical
Pois aquele que morreu, agora ressuscita.
Trema a terra! Reluzam
os anjos!
Desmaiem as sentinelas pela visão celestial!
Caia a seus pés a
morte – vencida!
O sudário ao canto da câmara
vazia
Nem parece que envolvia
O corpo da águia das eras.
- Havia
descansado no seio da terra –
A rosa de Sarom agora ressurgia.
Vai Tomé, toca-lhe as
chagas,
Lembra-te de quando acalmou o ímpeto das vagas –
Da tempestade fez
calmaria.
Recebe em teu rosto o sopro da vida,
No pentecostes cumpre tua
sina –
Espalha pelo mundo as novas d’alegria.
Sorriam os homens no caminho de
Emaus
Cresçam os lírios nos ermos pauis
- Os vales se encham de vida
–
Renove-se a criação no sopro suave da brisa.
Pedro, apascenta as ovelhas
do Bom Pastor
Pois aquele que da morte ressuscitou,
É Jesus – o rei dos
judeus,
É Jesus – o Deus Criador!
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