O que vejo são não sei definir:
Por isso ando sem rumo pelas calçadas quebradas;
Por isso paro a ver o pôr-do-sol
e as estrelas tremelicando no céu que se desfaz em tons de luz sumida.
Às vezes dá um desespero tão grande me mastigando o peito,
Dilacerando minha alma que eu só penso em correr,
Gritar, bem alto, porque chorar não adianta mais:
Já chorei e ninguém ouviu.
De onde vem a dor e a insônia?
Será que sofrer é mesmo evitável?
Não sei Drummond, só sei que dói e é tão pungente!
Olhando ao redor só há o desamparo.
Sinto como se caísse num precipício cujo fundo não alcanço;
É um fosso onde prantos, sussurros, pedidos de socorro
se perderam para sempre e ninguém jamais ouviu.
Você diz que em meus olhos há tristeza,
Mas você não quer mesmo saber de onde ela vem;
Se quisesse, cuidaria de mim, me poria no colo, me embalaria nos braços,
Tocaria meu rosto com os dedos suaves e meus cabelos sentiriam
Suas mãos macias fazendo remoinhos ternos.
Então não me pergunte o por quê,
Apenas me deixe continuar correndo, sem rumo,
Por essa estrada tão suja e rota e quebrada
Que é o caminho de minhas emoções arrebatadas.
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